CPI das Bets: delegado diz que casas de apostas ilegais e influenciadores mentem para lucrar mais
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CPI das Bets: delegado diz que casas de apostas ilegais e influenciadores mentem para lucrar mais
abril 23, 2025
Lucimério Barros Campos, que comandou a Operação Game Over, detalhou aos senadores como funciona o esquema montado nas redes sociais para enganar apostadores

O delegado Lucimério Barros Campos em depoimento à CPI das Bets no Senado. O agente comandou a operação Game Over, que descobriu o esquema entre bets e influenciadores. Foto: Saulo Cruz/Agência Senado
Porto Velho, RO - Em depoimento Ă CPI das Bets nesta terça-feira 22, o delegado LucimĂ©rio Barros Campos afirmou que casas de apostas ilegais e influenciadores digitais mentem na internet para lucrarem mais. O agente trabalha na PolĂcia Civil de Alagoas e comandou a Operação Game Over, que desmontou esquemas criminosos de bets nas redes sociais.
Aos senadores, o delegado explicou que a Operação Game Over foi realizada pela Delegacia de Estelionatos a partir de denúncias de pessoas que haviam perdido somas significativas de dinheiro em casas de apostas.
Ele explicou que bets ilegais usam intermediadoras de pagamentos digitais, que recebem as apostas por meio de Pix dos apostadores e repassam para as casas de apostas. Essas intermediadoras nĂŁo sĂŁo instituições financeiras e, por isso, o bloqueio de bens nĂŁo Ă© possĂvel.
“O caminho Ă© sempre o mesmo: apostador, intermediadora de pagamento e casa de apostas. ApĂłs as pessoas reclamarem das perdas, a gente percebeu que essas fintechs, as intermediadoras de pagamento, sĂŁo esses meios de pagamento que sĂŁo criados de forma clandestina, por meio de pessoas que nĂŁo tĂŞm qualquer relação com aquela pessoa jurĂdica criada”, disse. “Identificamos 15 milhões de reais revertidos em apostas, todas clandestinas”, relatou.
Propaganda enganosa
O delegado afirmou que as casas de apostas ilegais contratam influenciadores e permitem que eles usem contas falsas no aplicativo de jogo, para simularem que ganharam dinheiro com apostas e divulgarem aos seus seguidores. Assim, segundo LucimĂ©rio, o influenciador ganha dinheiro da casa de apostas para atrair mais apostadores e nĂŁo apostando na plataforma. Ele mostrou Ă CPI áudios e vĂdeos da investigação para exemplificar os esquemas criminosos usados.
O delegado sugeriu que o Congresso regulamente o parágrafo 5Âş do artigo 173 da Constituição Federal, que prevĂŞ lei para responsabilização de pessoas jurĂdicas por “atos praticados contra a ordem econĂ´mica e financeira e contra a economia popular”.
Para ele, as bets ilegais estĂŁo explorando pessoas com propagandas enganosas que prometem prĂŞmios que nĂŁo entregam. O delegado defendeu a regulamentação tambĂ©m da publicidade das bets legalizadas, que pagam milhões para pessoas famosas atraĂrem mais jogadores. Ele citou casos de pessoas que perderam milhares de reais em apostas, comprometendo as prĂłprias finanças e as da famĂlia.
“Esse dinheiro está saindo de alguĂ©m, está saindo do apostador. Se nĂŁo houver uma regulação adequada desse tipo de atividade, pela voracidade desse tipo de atividade, ou seja, nĂłs estamos aqui falando de atividade predatĂłria, que traz um risco muito importante Ă saĂşde dos brasileiros. Ela acaba tirando o dinheiro da casa do indivĂduo, deixando de fazer circular a economia local, para ir direto para as bets. Se elas forem clandestinas, o dinheiro nem no Brasil fica”, afirmou Campos.
“AlguĂ©m pode dizer: ‘Mas a pessoa joga porque quer’. De fato Ă© uma vontade pessoal jogar ou nĂŁo, mas com esse poder de convencimento, com essa publicidade voraz, predatĂłria, a pessoa que se encontra em situação de vulnerabilidade tende a acreditar naquilo. Esse tipo de publicidade Ă© nociva Ă sociedade. Ela tem que ser coibida”, avaliou.
Fonte: Carta Capital
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